Descrição
Corante para contagem de reticulócitos. Os reticulócitos compreendem eritrócitos imaturos no estágio final de diferenciação celular. O termo reticulócito deriva das características microscópicas das células depois de tratadas com corantes supravitais, como o azul de metileno novo ou o azul de cresil brilhante, que conferem aos fragmentos de ácido ribonucléico (restos de RNA ribossomal) a aparência de uma fina rede reticular ou grânulos dispersos. A proliferação e a diferenciação eritróide ocorrem em compartimentos do microambiente medular conhecidos como “ilhas eritroblásticas”. Estas ilhas consistem de um macrófago central com projeções citoplasmáticas circundado por eritroblastos em diferentes estágios de desenvolvimento.
A eritropoiese é impulsionada pelo equilíbrio entre mecanismos de feedback positivo e negativo que operam nestas ilhas. A extrusão do núcleo pelo eritroblasto ortocromático no final da diferenciação eritróide dá origem ao reticulócito, que se caracteriza por ser uma célula anucleada, cerca de 20% maior que os eritrócitos maduros e que na microscopia eletrônica se apresenta como uma célula multilobular, que ainda conserva no citoplasma alguns resquícios de organelas como retículo endoplasmático, ribossomos e mitocôndrias. O reticulócito ainda possui a capacidade de produção de hemoglobina, apesar da ausência do núcleo, devido à presença de RNA mensageiro no citoplasma. Por apresentar mitocôndrias também tem certa capacidade de respiração aeróbica.
O tempo médio de maturação dos reticulócitos é cerca de 4 dias, sendo que os três primeiros dias ocorrem na medula óssea e nas últimas 24 horas são liberados para a circulação sanguínea. No processo final de maturação, os reticulócitos perdem todas as organelas, têm o volume ligeiramente reduzido e adquirem o formato bicôncavo e a coloração citoplasmática própria dos eritrócitos maduros. Neste ponto, cessa a síntese protéica e perdem também qualquer capacidade de metabolismo aeróbico, restringindo-se a metabolização da glicose pela via de Embden-Meyerhoff (geração de ácido lático) e pelo shunt das pentoses. A produção de células vermelhas é estritamente regulada, a fim de manter um hematócrito de 40 a 45%, concentração em que a oferta de oxigênio aos tecidos é ótimo. Aproximadamente 2 milhões de reticulócitos são produzidos a cada segundo, porém a produção pode ser aumentada em cerca de 20 vezes em caso de anemia severa.
A contagem de reticulócitos no sangue periférico fornece informações sobre a integridade funcional da medula óssea. Em pacientes com quadro de anemia que apresentam reticulocitose, a eritropoiese na medula óssea mostra-se eficaz e responde às terapias específicas. Entretanto, em pacientes com quadro de anemia que apresentam um número diminuído de reticulócitos na circulação, ou reticulocitopenia, a eritropoiese é ineficaz e pode estar associada a outros fatores. Além de avaliar a evolução desses pacientes, a contagem de reticulócitos promove o monitoramento da regeneração da atividade medular após quimioterapia ou transplante de medula óssea.
A maioria das técnicas laboratoriais para contagem de reticulócitos são baseadas na detecção de RNA (reticulina) no citoplasma dos reticulócitos. Desde o final dos anos 1940 até o início dos anos 1980, a enumeração de reticulócitos foi realizada através da análise microscópica de extensões sanguíneas coradas pela coloração supravital. O desenvolvimento de corantes fluorescentes específicos para RNA na década de 1980 possibilitou a utilização de citômetros de fluxo para contagem de reticulócitos com elevada exatidão e precisão. O desenvolvimento de citômetros de fluxo dedicados à enumeração de reticulócitos revelou-se como uma alternativa à microscopia ótica para laboratórios com alto volume de contagens de reticulócitos. A análise por citometria de fluxo proporcionou informações clínicas valiosas que não eram disponíveis pela microscopia de luz.
Com a recente incorporação da citometria de fluxo nos analisadores hematológicos, a contagem de reticulócitos assim como parâmetros derivados tornaram-se parte da rotina laboratorial. Análise de reticulócitos com fluorocromo marcados com anticorpos monoclonais contra receptores de superfície de reticulócitos já estão disponíveis para estudos de investigação dos reticulócitos e doenças do Erythron.
Tipos de amostras: A amostra usada consiste de sangue total coletado com EDTA ou com citrato de sódio, isento de hemólise. Armazenamento e estabilidade da amostra: A amostra deve ser processada o mais rapidamente possível após coletada, do contrário, manter em geladeira (2 a 8 ºC) por até 24h.
Princípio: O sangue total é diluído em azul de cresil brilhante, e a diluição é usada para fazer esfregaços hematológicos aonde serão contados os reticulócitos. O azul de cresil brilhante cora os restos de RNA associados aos ribossomos que aparecem como filamentos ou ramos azuis, os quais correspondem a eritrócitos que acabaram de perder o número ou mais jovens, uma vez que cerca de 30% da hemoglobina é sintetizada no eritrócito sem o núcleo.
Armazenamento e estabilidade: Para fins de transporte e armazenamento, o produto pode permanecer em temperatura ambiente, condições em que se mantém estáveis até a data de vencimento expressa em rótulo, desde que isento de contaminação de qualquer natureza. Recomenda-se manter o produto protegido de incidência direta de luz (natural ou artificial) e evitar grandes variações de temperatura até a utilização.
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